terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A besta






Preso, violento, Solto, um dengo.
Você era assim, como o meu cão.
Quando casado um vulcão
Só na rua que não.
Veja só que contradição.
Eu sempre soube
Que você não era disso,
Mas resolveu ir atrás do paraíso.
E quando veio a liberdade
A rua, a imensidão.
Se borrou de medo,
Descobriu seus desejos.
Não teve peito.
Era a desilusão.
Então recuou, voltou pra casa.
Cobrou fidelidade.
Falou de princípios, de religiosidade
‘até que a morte nos separe’.
Mas agora nem me fale.
Descobri o que me faltava
Era muita, muita vergonha na cara
E quando lembro a besta que eu era
Só me pergunto ‘onde estava a fera?’
Hoje, não vivo mais a vida
Melhor...
Faço amor com ela.

Cansei de fazer sala






Estou Passado!
Estou ficando velho!
Sou do tempo que artistas ensinavam.
Que era uma aventura Conhecer.
Que saudade dos Mestres, aqueles que nos faziam morrer.
Que saudade do Tempo, dos livros, da biblioteca.
Que saudade de aprender junto.
Que saudade de (des) construir junto.
Que saudade do Desejo.
Da Fome.
Sei que pareço ridículo.
Dizem ser anacrônico, 
Ninguém se entrega mais à saudade.
Mas o que posso fazer?
Neste Presente não se anda pra frente.
Tão desesperador, tão retrô.
Nada é mais iludido do que um Educador.
Nada mais canceroso do que esses escrotos.
Na casa que eu deveria ensinar a ‘viajar’,
Eu só faço domesticar.
Ninguém vai sair, ninguém há de deixar.
Basta estar na lista, basta pagar.
A essa altura do campeonato
A gente se convence que é melhor cuidar de si.
Pra que ‘um por todos...’ ? Melhor todos por mim.
Pessimismo?
Sim, talvez sim.
Talvez já tenha dado pra mim.
Talvez já seja hora de partir.
Pra outros cantos se não perde o encanto.
Eu não me entrego, sou eu no comando.
Cansei de fazer Sala, vou pegar minha mala.
Vou pra debaixo de uma árvore.
Pro ‘museu de grandes novidades’.
Quem sabe eu não te desamarro?
Quem sabe eu não me amarro?
Pra quem fica, aquele abraço.